Insegurança alimentar atinge um terço dos brasileiros
Pesquisa aponta que 36% da população corria risco de passar fome em 2021
Índice do Brasil está acima da média mundial de insegurança alimentar
Mulheres e crianças são as mais atingidas pela falta de comida
Uma a cada três pessoas não sabe se vai ter o que comer amanhã. Conhecida como insegurança alimentar, a falta de alimentos é um problema social que cresceu nos últimos anos.
Dados analisados pela da FGV Social com base nas informações do instituto Gallup apontam que o indicador da fome no país chegou a 36% em 2021, um número acima da média global, fixada em 35%.
Essa é a primeira vez desde 2006 que tantas famílias brasileiras correm o risco de ficar sem ter o que comer. Entre as mulheres, a fome deu um salto. Quase metade das brasileiras não tiveram condições de alimentar adequadamente a família.
O fechamento das escolas foi um agravante para a má alimentação das crianças, uma vez que a merenda era a única refeição de alguns estudantes. Entre os homens, o percentual caiu de 27% para 26% de 2019 a 2021. A média global é de 33%.
"As mulheres, principalmente as entre 30 e 49 anos, onde o aumento foi maior, tendem a estar fisicamente mais próximas das crianças, gerando consequências para o futuro do país, uma vez que a subnutrição infantil deixa marcas permanentes físicas e mentais para toda vida de um indivíduo", explica Marcelo Neri, pesquisador que conduziu o estudo.
A pandemia atingiu a população de maneira desigual. Entre os 20% mais pobres, a quantidade de pessoas com fome aumentou 22 pontos percentuais, enquanto entre os mais ricos a insegurança alimentar caiu de 10% para 7%.