Voluntários tentam atenuar trauma de milhares de crianças sobreviventes de terremoto na Turquia

© Hussein Malla / AP

Três semanas após o violento terremoto que deixou mais de 50 mil mortos no sul da Turquia, milhares de sobreviventes permanecem traumatizados, especialmente crianças. Mais de 3.700 trabalhadores sociais se dedicam atualmente ao atendimento de menores turcos e tentam apaziguar o sofrimento deles.

Com informações de Manon Chapelain, enviada especial da RFI a Iskenderun, e agências

No playground do acampamento de desabrigados em Iskenderun, cidade litorânea do sul da Turquia, Emre chama seus dois filhos para irem dormir. Em entrevista à RFI, o homem expressa sua preocupação: segundo ele, é durante a noite que as más memórias voltam.

"Na noite do terremoto, foram meus filhos que me acordaram, gritando, aterrorizados, antes que as paredes da nossa casa desabassem sobre nós", relembra. "Evidentemente, eles ainda estão sob o choque, especialmente o maior, de 5 anos. Ele sabe muito bem o que é um terremoto e fica em estado de alerta sempre que há uma réplica", diz Emre.

Na parte de trás do acampamento, cinco professores voluntários criaram um espaço para receber as crianças, onde organizam diversas atividades para fazer os menores esquecer do traumático incidente. Nesta noite, eles poderão assistir a um filme, em um cinema improvisado, e comer pipoca.

"Estamos os ajudando a expressar suas emoções através de desenhos ou jogos", explica a professora Züre. "No começo, eles desenhavam casas demolidas, rostos sem expressão, sem sorrisos. Agora eles começam a desenhar pessoas felizes", conta.

Milhões de crianças afetadas


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