Voos da Itapemirim são cancelados e geram caos pelo Brasil. Entenda
Espera-se que 8 mil passageiros com tíquetes comprados sejam prejudicados com a "suspensão temporária" de voos da companhia aérea ITA;
É previsto que 40 mil pessoas fiquem sem conseguir viajar;
A companhia aérea do grupo Itapemirim começou a funcionar há menos de seis meses.
Na manhã deste sábado (18), diversos passageiros que tentaram embarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, enfrentaram filas, atrasos para voos e muita confusão.
A causa do caos, que se repetiu em diversas regiões do Brasil, são dois problemas gerados na sexta-feira (17): a suspensão de voos da ITA, do grupo Itapemirim, e a queda da energia elétrica.
Tumulto com o cancelamento dos vôos e falência da Empresa Aérea Itapemirim. pic.twitter.com/sUzxg3P9xO
— Donjuan (@Dom_juan36) December 18, 2021
Passageiros da Itapemirim tentaram impedir o embarque dos demais passageiros de outras empresas aéreas em GRU. pic.twitter.com/t2vSJtLzzr
— Aeroporto da Depressão (@AeroportoD) December 18, 2021
Como efeito da decisão da companhia aérea de suspender “temporariamente” as operações, mais de 8 mil passageiros com tíquetes comprados podem ser afetados. Para as operadoras de turismo, estima-se que 40 mil pessoas possam ficar sem viajar até o dia 2 de janeiro.
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A companhia aérea tinha 512 voos programados entre sexta-feira (17) e o dia 31, contando com viagens partindo dos aeroportos de Guarulhos (SP), Galeão (RJ), Brasília (DF) Salvador (BA), Recife (PE) e cidades do interior de São Paulo.
O que torna a situação mais complexa é que empresas como Gol, Azul e Latam estão com voos para fim de ano lotados.
Os problemas vêm apenas após seis meses de operação da empresa aérea, que é mais nova do Brasil. Em nota, a Itapemirim afirma que planeja se reorganizar para retomar os voos.
Acumulo de problemas
Há algum tempo, a Itapemirim vem juntando diversos problemas e reclamações, como atrasos de salários e benefícios para funcionários, descumprimento de horários, cancelamento de voos, entre outros.
Por exemplo, até o final da tarde de sexta-feira (17), funcionários relatavam que os pagamentos ainda não haviam caído na conta.
De acordo com resposta da Itapemirim, uma dificuldade pontual fez com que 50% do salário de cada funcionário fosse pago no começo do mês, enquanto a outra parcela fosse feita até o dia 17, o que não se concretizou.
Enquanto isso, desde o começo de dezembro, a empresa aérea suspendeu o plano de saúde dos funcionários, assim como atrasou vale-refeição e transporte, algo que já acontecia com frequência. Outra queixa é relacionada às verbas rescisórias, que não estariam sendo pagas aos demitidos.
Agências de viagem também engrossaram o coro das reclamações, ao afirmarem que estão sem receber valores atrasados das remarcações de bilhetes e acomodação dos passageiros com viagens canceladas.
Clientes da companhia aérea também relatam que tiveram voos cancelados repentinamente enquanto a empresa funcionava.
Entre as contestações estão que não conseguiam entrar em contato com a companhia para formalizar reclamação.
Dados errados, pedidos de falência, falta de aviões e dança das cadeiras
A Anac autuou a Itapamirim três vezes em outubro e novembro por descumprir prazos de envio das informações obrigatórias. A empresa alegou problemas técnicos.
Enquanto isso, a companhia tem um longo processo de recuperação judicial dos credores, a quem o grupo devia cerca de R$ 253 milhões em setembro, bem como R$ 2,2 bilhões de dívidas tributárias.
Como efeito, alguns dos credores chegaram a pedir falência do grupo na Justiça.
Outro problema grande é falta de aviões na frota da empresa. Atualmente a Itapemirim tem apenas sete aviões operando.
Desde outubro, a área comercial da empresa vem passando por diversas mudanças, como a troca de diretoria e integrantes da área.
Tiago Senna, que foi presidente da companhia até maio deste ano, deixou o cargo quando a empresa estava prestes a começar os serviços, sendo substituído por Adalberto Bogsan.
As informações são do Jornal O Globo e do Portal UOL.